Contini e a poética Siciliana

Resumo

Este artigo investiga as relações entre a língua siciliana e a crítica literária de Gianfranco Contini, com ênfase na dimensão filológica e estilística que permeia sua análise da poesia dialetal. A justificativa reside na necessidade de revisitar a contribuição de Contini para além do cânone toscano, destacando a Sicília como espaço de pluralidade linguística e cultural. O objetivo geral é examinar como a noção de “dialeto ilustre” proposta por Contini dialoga com a tradição poética siciliana, desde a Escola Siciliana até expressões contemporâneas. Metodologicamente, adota-se a análise bibliográfica e a leitura crítica de excertos da obra Letteratura Italiana delle origini, com foco no capítulo dedicado a Giacomo da Lentini. Como corpus, toma-se o poema Parannu cu na stidda, de Giuseppe Gerbino, para ilustrar a persistência de traços morfológicos, fonéticos e métricos que caracterizam a escrita siciliana. O arcabouço teórico ancora-se em Contini (1977; 2013) e em estudiosos da variação linguística na Itália, como Masini (2016). Os resultados indicam que a abordagem continiana permite compreender o siciliano não como desvio, mas como sistema linguístico complexo, marcado por hibridismo histórico e resistência cultural. Conclui-se que a poesia siciliana contemporânea mantém viva uma tradição que desafia homogeneizações e enriquece o panorama literário italiano.