O uso do Canabidiol no tratamento da epilepsia: uma revisão da literatura baseada em estudos clínicos
DOI:
https://doi.org/10.55905/asuscv2n1-003Palavras-chave:
Cannabidiol epilepsyResumo
A Cannabis sativa foi introduzida ao nosso país através de escambos comercializados durante o descobrimento do Brasil, sendo utilizada há mais de 5000 mil anos com diversas finalidades terapêuticas, inclusive para o tratamento antiepiléptico. Partindo dessa informação, o objetivo geral do estudo foi analisar uso terapêutico do canabidiol para epilepsia, com base em estudos clínicos. Os objetivos específicos foram indicar os tipos de terapias para o tratamento da epilepsia com o canabidiol; apontar os efeitos dessas terapias; e, descrever as principais reações adversas das terapias. A fim de atingir os objetivos, foi realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, do tipo revisão narrativa. Os dados foram coletados no PubMed com o seguinte termo de busca: “Cannabidiol epilepsy”. Para tanto, foi designado critérios de inclusão como artigos científicos do tipo estudo clínico em humanos e de acesso livre e que tenham sido publicados no período de 2017 a 2021, no idioma inglês, excluindo-se artigos de revisão. Utilizou-se como terapia soluções orais e uma formulação de cápsulas PTL-101, ambas de via oral e a solução Epidiolex (100mg/ml) foi a mais utilizada. Com isso, observou-se uma variabilidade de posologia com um intervalo de 5-50mg/kg/d, evidenciando-se uma redução maior de crises mensais no estudo de cápsulas PTL-101 e uma redução média de aproximadamente 40% das crises epilépticas nos demais estudos. Além disso, existe a probabilidade de interação medicamentosa entre o canabidiol e o clobazam e a reação adversa mais preocupante é a elevação das enzimas hepáticas devido a administração de canabidiol com valproatos.
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